GT da Mini (Gt mais feels que tenho em minha posse)
GT mais feels q tenho em minha posse
/cc/
>primeiro ano
>eu era excluído
>só tinha uma melhor amiga
>nós ficávamos juntos o tempo todo
>ela era linda, loira, olhos castanhos
>eu era o nerd cheio de espinhas
>mas ela dizia que eu era lindo
>um dia comum decido matar aula
>digo que estou doente
>todo mundo acredita
>mãe me pede pra ir comprar pão
>no caminho de volta encontro uma menina
>ela é ruiva e tem olhos azuis
>pqp
>ela estava chorando sentada em um balanço velho
>vou até ela e pergunto se ela tá bem
>claro porque com certeza ela tá chorando de alegria
>ela balança a cabeça, mas não diz nada
>ficamos em silêncio
>ela pergunta qual meu nome
>digo que é Miguel
>ela sorri e diz que se chama Mini
>ficamos conversando
>em nenhum momento ela me diz por que estava chorando
>do nada ela pega minha mão
>começa a correr comigo para fora da praça
>sigo ela porque sou otário
>corremos enquanto ela ri
>acho que ela é louca
>paramos perto do bosque que todos diziam que era mal assombrado
>ela cruza os braços, olhando para as árvores
>pergunto o que ela tá fazendo ali se não sabe das histórias
>ela diz que sou bobo por acreditar em fantasmas
>começa a me chamar de fantasminha camarada
>louca mesmo
>ela se senta no chão e depois se deita
>é louca mas é linda
>8/10
>vou tirar 2 pontos pela sanidade
>me deito com ela
>nunca tinha feito nada parecido com uma garota
>ela não fala nada, só fica olhando pro céu
>começo a achar aquilo muito estranho
>ficamos ali até ficar de noite
>estrelas começam a aparecer
>ela se vira para mim e pergunta se já dei algum nome para alguma estrela
>digo que aquilo era coisa de criança
>ela revira os olhos
>tudo bem, vou dar um nome
>digo que vou chamar uma aleatória de Mini
>ela ri
>nos levantamos depois para ir embora
>ela não parece com pressa
>levo ela até a casa dela andando
>não sei que horas são
>ela me pergunta como vou voltar para casa
>digo que vou pegar um ônibus
>ela me pergunta se não quero carona
>falo que ela não tem idade para dirigir
>ela faz uma careta e diz que ela não mas o pai dela sim
>acho que ela não deve saber que pais não gostam de dar carona pros futuros caras que vão fazer as filhas deles de deposito
>digo que não precisa
>ela insiste e me manda entrar
>casa dela é mó legalzinha
>o pai dela aparece
>ele tá vestido com uma blusa florida, calças azuis e chinelo havaiana com um óculos cor de rosa na cara
>que
>família toda louca
>agora sei de onde ela puxou
>ele me dá um abraço como se fôssemos íntimos
>pergunta pra Mini se é um novo namoradinho
>ela olha para mim e pisca o olho
>pai me leva embora
>Mini passou a viagem inteira olhando para a janela
>quando vou sair do carro e agradecer a carona ela me dá um abraço
>conheço essa garota a um dia oq to fazendo
>ela pega uma caneta que tava no porta luva do carro
>escreve na minha mão o número dela
>tempo todo o pai ouvindo xitaozinho e xororo pelo rádio
>ele diz para eu aparecer sempre sou de casa já
>minha mãe quase me mata quando finalmente me vê em casa
>diz que passei o dia todo fora e que não tenho consideração por ela
>que chamou a polícia
>faz um drama enorme
>depois pergunta se tô bem
>até esqueci que fingi que tava doente
>fico a noite toda pensando na Mini
>no quanto ela é aleatória
>dia seguinte minha mãe me manda pra escola que já que consigo ficar o dia todo fora vadiando consigo muito bem estudar
>não tava doente mesmo
>mal chego e já vejo minha melhor amiga me olhando como se eu fosse um monstro
>diz que me ligou um milhão de vezes e mandou mensagem
>falou que achou que eu tivesse morrido
>decido contar pra ela da Mini
>ela me olha parecendo triste
>pergunta se vou ter contato com ela
>digo que não sei
>ela dá de ombros mas parece ficar distante
>não tenho tempo para pensar nisso
>ficava o tempo todo tentando adivinhar o que a Mini tava fazendo
>chego em casa e decido ligar para ela
>ela não atende
>ligo mais cinco vezes
> nada
>perto da meia-noite
>não tô com sono
>conversando com minha melhor amiga pelo caralivro
>escuto meu celular tocar
>atendo
>escuto a voz de alguém aleatório
>essa pessoa pergunta se sou Miguel
>digo que sim
>então a pessoa pergunta se conheço a Mini
>digo que só vi ela uma vez
>então ele diz que a Mini tá chorando perto de uma ponte
>ele acha que ela vai pular
>pergunta se posso ir lá
>pergunto de volta porque ele tá me chamando
>ele diz que a Mini falou que era pra eu ir
>não quero ter nada haver com uma garota que gosta de se jogar de pontes
>mas decido ir
>Sam (a melhor amiga) insiste em ir comigo
>lembro que os pais dela são bravos e nego
>ela fala que vai mesmo assim
>tô cercado de loucos
>vamos os dois de a pé de madrugada
>maus elementos por todos os lados
>novinhos dando moral pra Sam
>vontade de tacar uma pedra
>me controlo e chegamos no lugar
>Mini tá sentada na barra de proteção da ponte do lado de um garoto
>ele olha para mim e pergunta quem eu sou
>digo que sou Miguel
>ele falou que achou que eu não iria mais ir porque demorei uma hora
>realizo que não é da conta dele que não tenho um meio de transporte mais rápido que meus pés
>vou falar com a Mini
>ela tá olhando pra água
>pergunto o que ela tá fazendo
>ela suspira e diz que tá triste
>pergunto porque
>ela não responde
>digo que não posso ajudar ela se ela não me ajudar
>ela então diz que ajudaria se eu a abraçasse
>conheço essa mina há um dia e já estamos no ponto de eu evitar que ela dê barra quite da arroba life
>não sei se quero isso
>penso em ir embora
>fugir
>mas acabo abraçando ela
>trouxa uma vez trouxa pra sempre
>ficamos ali um tempo
>Então ela pula da barra até o chão
>o cara que tava com ela ficou conversando com a Sam
>ela se cumprimentam, mas não parecem à vontade
>Mini diz que quer ir embora
>o cara se oferece para levar ela porque ele tem carro
>olho para Sam não posso deixar ela ir sozinha de madrugada até em casa
>pergunto se ele não pode nos levar também engolindo todo meu orgulho
>ele dá um sorrisinho mas aceita
>deixa todo mundo nas suas respectivas casas
>eu sou o último
>ficamos em silêncio
>quase digo que prefiro andar a pé
>mas penso nos esquartejamentos
>fico no carro
>ele pergunta como conheci a Mini
>eu conto mais ou menos não devo nada a ele
>só a carona da Sam mas ele não fez mais que sua obrigação
>ele diz que é apaixonado pela Mini desde que eram crianças
>não quero saber
>ele diz que a Mini sempre foi problemática
>como se tivesse nascido errada
>e não soubesse o que fazer da própria vida
>acho ele muito dramático
>ele pergunta se a Mini me contou algo sobre a vida dela
>falo que não
>ele fica quieto
>minha curiosidade vence meu orgulho pergunto o que ele sabe
>ele diz que vou ter que perguntar pra ela
>filho da puta
>ele me deixa em casa mas antes de me deixar sair do carro diz pra eu prestar atenção na Sam
>você não manda em mim vacilão
>não consigo dormir a noite porque fico pensando na Mini
>dia seguinte decido ir até a casa dela
>ela tá sozinha pregando estrelas de papel numa cartolina
>não tá vestindo mais que uma blusa azul transparente e um short de pijama
>digo que se ela quiser desabafar fica a vontade
>ela diz que não
>penso em insistir
>mas então só ajudo ela com as estrelas idiotas
>que gay
>ela pergunta do nada se já beijei alguém
>eu minto e digo que sim
>ela sorri e diz que nunca beijou ninguém
>ah tá me engana que eu gosto
>ela pergunta se eu posso ensinar ela
>falo que tá ok
>não faço ideia do que fazer
>mas nos pegamos
>melhor sensação da minha vida
>ficamos até eu dizer que tenho que ir pra casa
>ela me acompanha até a porta e me dá um abraço
>faço um esforço consciente para me lembrar que não to apaixonado
>e que ela é louca comprovado por ela mesmo, eu e o vacilão que gosta dela
>conto tudo para Sam quando chego em casa
>ela tava lá me esperando brincando com meu cachorro
>Sam me olha como se não acreditasse
>pergunto qual o problema
>ela não responde
>ficamos em silêncio então ela diz que acha que a Mini vai me magoar
>todo mundo decidiu fingir que está numa novela do nada
>falo que ela tá imaginando coisas
>ela não toca mais no assunto comigo
>os dias seguem
>eu e Mini nos encontramos todo dia
>ela tem sempre uma surpresa nova
>acho ela a louca mais encantadora do mundo
>e descubro que sou bem gay por ela
>decido pedir ela em namoro
>já estávamos ficando a quase um mês mesmo
>ela aceita
>Deus é bom
>chamamos Sam e o garoto que gosta dela para comemorar nossa alegria
>os dois não parecem muito felizes pela gente
>dane-se
>mostro bem pra ele que tenho a Mini e ele não
>sou desses
>tiro a virgindade dela naquele dia
>melhor coisa do mundo
>acho que gosto daquela pintanguinha pra caralho
>começamos a fazer tudo juntos
>o pai dela me ama
>acha que sou ótimo pra filha dele
>e é gay também
>como ele teve a Mini????
>fico cada vez mais apaixonado por ela
>até pelos defeitos
>não quero sair de perto
>nosso aniversário de um mês
>decido fazer algo especial
>segui a ideia daquele filme pra menina mal comida que a Sam me fez ver um dia
>consegui colocar oficialmente o nome Mini em uma estrela
>foi difícil mas consegui
>vou até a casa dela contar que sou foda
>e comemorar nosso aniversário
>e dar o presente dela
>mas quando chego lá vejo que tá tudo escuro
>chamo o nome dela bato na porta e nada
>decido entrar com a copia da chave que eu tinha
>tudo em silêncio
>Mini cadê você minha filha
>vou até o quarto dela
>então meu coração para
>meu mundo entra em colapso
>quero morrer
>quero nunca ter nascido
>quero parar de ser tão gótico
>Mini tá sem roupa com aquele otário em cima dela
>não sei o que dizer só sentir
>percebo que o único otário sou eu
>amei aquela mina pra porra
>agora só queria que ela nunca tivesse aparecido na minha vida
>falo alto o suficiente para ela escutar: acabou
>saio dali
>fico chorando nas ruas
>quero ir pra casa me afogar no rio de magoas que existe em mim
>e parar de ser gótico urgentemente
>decido entrar em um bar qualquer
>começo a tomar todas
>esquecer aquela vadia
>não me merece
>sou o cabra mais lindo
>10/10
>começo a achar as depósitos tudo lindas
>uma moreninha vem até mim
>ela pergunta se eu tô bem
>falo pra ela vir quente porque eu tô fervendo
>ela diz que pareço que vou morrer
>todo mundo é dramático nesse caralho de vida
>ela pede meu celular
>mereço agora também sou ser assaltado
>entrego pra ela porque a coisa mais importante já foi tirada de mim mesmo
>ela fica com meu celular por um tempo e diz que encontrou só a Sam no grupo família da agenda do meu celular
>digo que ela é minha irmã
>ela liga para Sam e fala que tô a ponto de ter que ser mandando pro pronto socorro
>nem ligo
>começo a dançar no bar
>todos os tipos de álcool no meu corpo
>não tô bem
>aqueles sertanejos bosta tocando
>quero que o mundo acabe
>todo mundo tá me olhando como se eu fosse louco
>alguns com pena
>chega umas depósitos perguntar se podem me ajudar a superar a foça
>não sabia que sofrer por amor fazia alguém pegar geral
>a moreninha diz que não tô em condição de ficar com ninguém
>ignoro ela e beijo qualquer uma que aparecer na frente
>Sam chega do nada e me puxa pelo braço
>as pintaguinhas (sim vou casar com todas) olham para ela mal humorada
>Sam nem liga
>essa é minha garota dona de si e irreverente
>ela me leva para fora
>começo a me sentir enjoado
>vomito minha vida toda no chão
>estou digno de pena
>ela tenta andar comigo mas não consigo
>ficamos sentados em um beco
>Sam do meu lado
>em meio a lixo e gatos com fome
>só faltava um mendigo pra ficar ainda mais romântico
>ela pergunta se quero que ela chame um táxi
>digo que não
> não quero que minha mãe me veja daquele jeito
>Sam concorda e ficamos quietos olhando para a parede de reboco do beco onde tá escrito “Lindsay delicia liga pra mim gatão” com um número de celular
>fico olhando tanto pra esse número que até decoro
>uma hora se passa
>Sam não tá olhando pra Lindsay na parede se oferecendo mas sim para as estrelas
>nojo
>aquilo me lembra a Mini
>o que me lembra que fui traído
>o que me dá vontade de chorar
>pareço um bebê
>Sam me abraça
>digo que considero ela pakas
>ela ri e diz que sabe
>realizo que preciso ligar para Mini
>cadê meu celular
>ah é fui roubado
>peço o celular da Sam
>ela me entrega na ingenuidade
>ligo pra Mini
>ela não atende
>ligo mais duas vezes
>Sam ainda tá olhando para as estrelas sem ideia do meu plano mirabolante
>finalmente ela atende
>começo a despejar tudo
>chamo ela de coisas que ofenderiam até o Hitler
>Sam olha pra mim assustada e tenta tomar o celular da minha mão
>sou mais forte, haha toma trouxa
>ela começa a implorar pra eu devolver e não me humilhar
>que
>eu que tô humilhando sua louca
>mas então começo a dizer que amo aquela vadia sem sentimentos
>que ela é a mulher da minha vida
>a deposito dos meus espermatozóides
>que um dia iriam virar mini migueis e mini minis
>começo a rir disso
>devo estar fora de mim
>Sam apela pra um gole baixo
>me chuta no saco
>pior dor do mundo
>começo a me contorcer no chão
>solto o celular
>piranha
>ela o pega e está pronta pra desligar mas então coloca no ouvido
>ela fica um segundo só ouvindo mas então arregala os olhos
>começo a ficar preocupado
>ela então desliga e olha pra mim
>o que houve colega?
>ela não responde
>pergunta se podemos ir embora
>só se me contar
>ela desiste e fala
>a Mini tá em um hospital
>eu me assusto
>pergunto se podemos ir até lá
>ela chama um táxi e precisa pagar com seu dinheiro já que gastei o meu todo pra me embebedar e curar as magoas
>eu havia passado a viagem toda me sentindo um lixo
>mas a Mini não merece ela me traiu de qualquer forma
>chegamos lá
>Sam diz que talvez eu deva ficar longe do pai da Mini que era ele que estava no celular
>começo a me sentir ainda mais lixo do que já me sentia
>vida porque você é uma merda?
>pai da Mini tá sentado tomando um café
>torço pra ele ainda se lembrar que me ama
>ele olha pra mim com raiva
>eu me encolho pronto pra fugir como o covarde que sou
>Sam vai até ele e pede pra ele explicar o que a Mini tem
>ele diz que ela foi drogada e que precisou passar por uma lavagem estomacal
>e que também foi estuprada
>a bebida deixou meu raciocínio lento
>ou talvez seja a negação
>começo a completar cada peça daquele quebra cabeça doentio na minha cabeça
>ele estuprou ela
>ele arquitetou tudo pra eu achar que ela estava me traindo
>e eu cai feito um patinho
>realizo que vou matá-lo
>saio do hospital
>Sam vem atrás de mim correndo
>ela não tá entendendo é nada
>pego o primeiro táxi que encontro até esqueço que não tenho dinheiro
>mas que se dane
>Sam diz que vai comigo
>mas mando o motorista acelerar
>deixo ela sozinha na frente do hospital
>só então lembro que não sei onde ele tá
>mando o motorista me deixar na casa dele
>quando o carro para eu saio sem nem olhar para trás
>ele grita comigo mas tô nem ai
>a casa dele está vazia
>eu pulo o muro e quebro uma janela para entrar
>então vou até o quarto dele e destruo tudo que encontro
>nunca achei que fosse sentir tanto ódio de alguém
>é claro que quando a irmã dele chega em casa e vê tudo um caos ela chama a policia
>nem reajo
>ficamos quietos até a viatura chegar
>ela com um amassador de feijão na mão
>ótima arma se eu fosse um psicopata com certeza ela iria me impedir com aquilo
>ela vê que eu estou chorando e pergunta o que caralhos eu fiz e porque destruí a casa dela
>conto o que o irmãozinho dela fez
>ela não acredita
>a policia chega e me leva para ser fichado
>sou colocado em uma cela qualquer até alguém de maior ir me buscar
>minha mãe aparece devidamente horrorizada
>estou um lixo humano
>e ela com certeza vai pagar uma fortuna pra família dele
>começo a sentir raiva do universo
>minha mãe não fala comigo até chegarmos em casa
>ela me manda ir direto pro meu quarto
>fiquei lá acordado sem nem me mexer até as cinco da manha
>sem celular, sem poder sair de casa e sem noticias
>Sam aparece
>ela parece abatida
>diz que passa tudo bem com a Mini e que logo ela irá ser liberada
>balanço a cabeça
>eu estou cansado demais para conseguir ficar feliz
>percebo que minha vida virou uma confusão desde que a Mini apareceu
>não é saudável
>decido terminar tudo
>espero uma semana
>então vou até a casa da Mini
>ela está com um vestido azul e com o cabelo preso
>ela não me abraça nem fala nada quando me vê
>acho que está magoada por eu ter demorado tanto a aparecer
>fiquei uma semana ignorando ela, a Sam e todo mundo
>tá na hora de resolver aquilo
>digo que quero terminar
>que aquilo saiu do controle
>ela me olha chocada
>então começa a chorar
>fico só olhando para ela
>quero abraçá-la mas tudo começou por que tentei consolar ela
>sempre soube que não ia terminar bem
>ela levanta os olhos para mim e diz que quer contar uma coisa
>falo que temos todo o tempo do mundo
>ela diz que quando tinha 10 anos ela fugiu de casa porque tinha brigado com a mãe por uma idiotice
>a mãe dela foi atrás dela de carro
>e sofreu um acidente
>morte instantânea
>ela nunca se perdoou
>fico em silêncio sem saber o que dizer
>não sabia que ela teve uma vida tão fodida
>não resisto e abraço ela
>nós dois choramos
>quero proteger essa garota do mundo
>não sei se o que temos é um namoro
>mas não consigo sair de perto dela
>começamos a contar tudo um pro outro
>cada segredo
>os dela são sempre piores
>e tentamos nos ajudar
>Sam faz o possível também
>vivemos bem por um tempo de apoio mútuo
>segundo ano
>Mini se muda para minha escola
>passa a ser a topzinha popular
>claro ela é linda
>nem parece a garota problemática que era
>tá sempre cercada de escravocetas
>Sam começa a sair com um garoto
>depois da minha devida aprovação é claro
>e eu arranjo uns amigos no trabalho que minha mãe me obrigou a me candidatar
>mesmo assim todos os dias Sam, Mini e eu se reunia para conversar sobre a vida
>amizades surge de umas coisas estranhas
>até que um dia Mini não aparece para o encontro de sempre
>fico preocupado
>Sam diz que ela deve estar com alguns dos seus novos amigos
>ligamos pra ela
>o celular dela está desligado
>decidimos começar a reunião sem ela
> mas por algum motivo começo a me sentir enjoado
>passa várias h0ras
>celular só desligado
>até que alguém liga para mim
>não quero atender
>Sam atende no meu lugar
>deja vu
>ela escuta alguma coisa
>depois fica em silêncio
>pede pra ele repetir
>começo a sentir o mundo desabar
>Sam nem consegue me olhar nos olhos quando solta o celular
>a Mini sofreu um acidente
>uma mistura de sentimentos surgem em mim
>logo agora caralho
>logo agora que estava tudo bem
>a vida é a porra de uma piada maldosa
>ela estava em uma avenida na hora
>tinha parado para comprar biscoito de chocolate com menta pra Sam
>então veio um carro na contra mão
>ela sobreviveu por sorte
>mas não estava havendo melhoras
>os dias passam
>ela entra em coma
>Não consigo aceitar
>choro todos os dias me lembrando que eu sempre soube que a Mini teria o poder de me fazer ficar daquele jeito
>como se eu fosse uma porra vazia sem ela
>parece que sem ela antes nada fazia sentido
>não quero mais contato com ninguém, exceto Sam e seu namorado
>quase um mês se passa
>vou ao hospital todo dia
>todo dia levo a flor favorita dela
>antes Sam sempre ia comigo
>mas ela estava parando de ir
>começa a dizer que precisava superar aquilo
>que as chances da Mini acordar diminuíam a cada dia
>então ela diz que eu preciso superar também
>vou superar é o caralho
>nós discutimos
>falo que ela não tem coração
>o namorado dela se envolve na discussão e diz que precisamos ter calma
>tenho muita calma enquanto dou um soco nele
>Sam grita comigo
>diz que se eu quiser me afundar no fundo do poço que eu vá sozinho
>começo a passar meus dias sozinho
>meus manos do trabalho respeitam meu isolamento
>cada dia é pior que o outro
>numa manha decido fazer algo que não seja esperar a morte na minha casa
>não vou ligar para a Sam nem morto
>decido ligar para Lindsay
>eu havia decorado o número depois de reler ele um milhão de vezes quando achei que havia sido traído
>uma garota atende
>pergunto se é a Lindsay
>ela diz que é e que tipo de programa eu quero
>que direta
>digo que é um abraço
>ela ri e me manda passar trote na casa do caralho
>falo que é sério
>ela fica em silêncio
>então me dá seu endereço
>Lindsay não parece ter mais de vinte anos e é loira de farmácia e tem olhos azuis
>como os da Mini
>tô comparando o amor da minha vida com uma garota de programa
>uma garota de programa muito legal
>ela me deixar passar os dias lá com ela chorando as pitangas
>ela me consola
>me dá leite com toddy
>diz que é até bom porque descansa e ainda é paga pra isso
>mas não me cobra muito
>todo dia conto uma parte da história pra ela
>e fico sentindo a falta da Mini em um ambiente de porra e filmes eróticos
>nada é perfeito
>Lindsay diz que posso ligar pra ela a qualquer hora se alguma novidade acontecer
>o que falar dessa prostituta que mal conheço e já considero pakas
>vou até o hospital depois do trabalho como sempre faço
>os parça do trabalho me dá carona
>estou me despedindo deles quando o pai da Mini vem na minha direção correndo
>ele tá chorando como se fosse criar um dilúvio na terra
>fico assustado
>começo a rezar
>ele me abraça e então diz as palavras que todos os dias eu sonhava ouvir
>a Mini acordou
>não consigo acreditar
>estou sem reação enquanto ele e os manos do trabalho começam a comemorar pulando ao meu redor
>só consigo pensar que a Mini ainda vai ter uma vida
>que ela ainda tem uma chance
>ligo para Lindsay
>ela tá no meio de um programa mas consegue me atender
>conto a noticia em meio a gemidos falsos e palavrões
>ela fica tão feliz que consegue fazer o cara gozar na hora
>decido desligar para ela fazer suas questões
>transformo o corredor do hospital na minha casa
>o processo de recuperação da Mini é lento
>esses lances de coma é complicado
>mas ela tá acordada e é o que importa
>Sam também a visitava mas nos horários que eu tinha que sair
>para não nos encontrarmos
>ela havia tentado se reaproximar de mim mas eu não consegui dar a liberdade
>até quero me aproximar agora mas acho melhor ir com calma
>o importante agora é a Mini
>chego cedo ao hospital como sempre
>vou ir pegar meu café e voltar a rotina do dia
>quando o médico da Mini pede pra falar comigo
>pergunto o que ele quer
>ele diz que o coma deixou sequelas
>imagino minha pitanguinha sem conseguir andar
>falar
>ou algo assim
>mas ele diz que ela perdeu a memória
>e que só se lembra de algumas coisas
>ela se lembrava do pai e da Sam
>mas não de nenhum Miguel
>não consigo acreditar
>eles me levam até o quarto dela para fazer um teste
>desde que ela acordou eu só conseguia vê-la enquanto ela estava sedada
>mas agora ela estava com os olhos abertos
>seus olhos azuis
>cor de tempestade
>acho que virei poeta
>pergunto se ela está bem
>ela balança a cabeça
>tento segurar a mão dela, mas ela afasta sua mão
>meu coração começa a doer
>por favor, não
>pergunto se ela se lembra de mim
>ela me olha
>os segundos mais longos da minha vida
>e diz não
>o mundo poderia acabar naquele momento
>um raio poderia cair na minha cabeça
>eu nem ia me importar
>a vida é mesmo a porra de uma piada maldosa
>seguro o choro até me despedir dela
>e choro sozinho no corredor do hospital
>as pessoas passam me olhando com pena
>então sinto alguém me cutucando
>uma criança está estendendo um pirulito pra mim
>ela explica que o médico dela sempre lhe dá um quando ela chora
>eu consigo sorrir mas sei que nem todos os pirulitos do mundo vão me ajudar agora
>decido me levantar
>e espero até o horário da Sam chegar ao hospital
>ligo para o meu trabalho para avisar que não vou
>meu chefe aceita meio relutante
>fico na cantina esperando
>sei que ela sempre passa lá para comer antes de voltar pra casa porque já havia ouvido umas enfermeiras comentando
>eu sei de tudo daquele hospital
>a enfermeira Regina George trai o médico Aaron todas as terças
>é isso que ganhei quando praticamente me mudei pra lá
>perto das quatro ela finalmente entra
>espero ela pegar sua comida e achar uma mesa
>então vou até ela
>ela fica surpresa por me ver ali no horário dela
>mas decide que a melhor defesa é a simpatia
>então pergunta se eu tô bem
>começo a rir histericamente
>o amor da minha vida não sabe quem eu sou é claro que estou bem
>ela parece preocupada
>diz para eu me acalmar
>pergunta se eu quero uma água
>digo para ela pegar a água se afogar com ela
>ela me olha com raiva e diz que está tentando me ajudar
>que eu me tornei um babaca desde o acidente
>que ela não teve culpa nenhuma
>que estava cada dia de sentindo mais sozinha
>que tava tudo uma droga
>e que ela estava grávida
>nessa altura ela já estava chorando
>acho que não ouvi bem
>meu raciocínio está no mesmo nível de uma porta
>o que é grávida
>ela coloca inconscientemente a mão na barriga
>todas as aulas sobre sexo na escola vem até mim lentamente
>aquele namoradinho dela havia colocado uma sementinha nela
>que iria brotar e virar um bebê
>minha melhor amiga vai ter um bebê
>ela ainda está chorando
>eu a abraço porque a outra opção era perguntar “VOCÊ DEU PRA ELE?????”
>mas acabo fazendo a segunda parte também
>sou convidado para me retirar do hospital
>ela vai comigo
>começo a perguntar as coisas básicas
>os pais dela ainda não sabem
>mas o namoradinho quer assumir
>e se casar
>ela revira os olhos nessa parte
>só tem 16 anos a garota
>digo que ela pode contar comigo
>limpo até as fraldas sujas
>se for menino dou as dicas pra pegar as depósitos
>ela sorri e diz que esperava isso mesmo, mas que é menina e que o nome vai ser Ariel
>nem nasceu e já sei que vai me dar trabalho
>vamos até a casa dela
>sinto que passou uma década desde que fui ali pela última vez
>subimos até o quarto dela porque ela diz que quer me contar uma coisa
>então revira a gaveta para procurar alguma coisa, depois me entrega um caderno e se senta numa cadeira
>pergunto se ela está bem
>ela diz que sim e me pede pra ler
>é um diário
>com anotações desde o nono ano
>descubro umas coisas bizarras sobre a Sam
>como ela gostar de comer ervilhas com ketchup
>e já ter sido apaixonada por mim
>por mim
>pergunto se aquilo era verdade
>ela diz que ervilhas com ketchup são muito boas
>falo que tô falando da paixonite
>ela diz que sim
>mas que havia desistido quando a Mini apareceu
>porque parecia até destinado
>reviro os olhos
>não tem isso de destino não
>nós ficamos nos olhando
>ela diz que quer que eu seja padrinho da filha dela
>digo que eu seria até se ela não quisesse
>então ela me abraça
>e diz que fui o melhor amigo do mundo
>então faz ervilhas com ketchup
>e nos comemoramos o fato de estarmos vivos como se isso significasse alguma coisa
>à noite o namorado dela chega
>fico sem graça porque o nosso último encontro não foi muito amigável
>mas ele não parece perceber nada além do fato de que vai ser pai
>nem mesmo que o cara que havia quebrado seu nariz iria ser padrinho da filha dele
>felicidade demais
>eu me despeço deles depois de um tempo
>muito amor para pouco eu
>Sam me acompanha até a porta e diz que logo vai ter que parar de ir para escola e pergunta se posso ir visitá-la quando isso acontecer
>eu digo que irei praticamente morar na casa dela
>ela diz que não duvida nada já que eu fiz a mesma coisa com o hospital
>sorrio para ela e vou para minha casa
>no meu quarto, protegido com meu cobertor e no escuro tento aceitar duas coisas:
>que a Mini não se lembrava de mim
>e que a Sam estava certo
>ela realmente iria me magoar
>continuo indo ao hospital
>o médico dela diz que não posso fazer nada que force sua memória
>porque isso poderia fazê-la piorar
>ou ela se lembra naturalmente
>ou não se lembra
>todos os dias eu deixava flores para ela
>todo dia eu rezava para ela me ligar e dizer que se lembrava de mim
>isso não aconteceu
>no dia que ela foi liberada do hospital o médico dela me deu uma lista das coisas que ela esqueceu:
>a morte da sua mãe
>o estupro
>algumas coisas bobas que a deixavam tristes
>o que me fez pensar que ela talvez houvesse esquecido os segredos que ela havia me contado
>e que agora eu poderia ser único que sabia
>parecia que ela havia esquecido os motivos que tinha para chorar
>como se tivesse ganhado uma nova chance
>mas que eu não estava incluído
>quis sentir raiva do universo de novo
>culpar alguma santidade por me odiar tanto
>mas ela estava bem
>isso poderia ser meu final feliz
>não peguei um táxi para ir até em casa
>ao invés disso vou andando até a praça onde havia conhecido a Mini
>pensando em como ela havia mudado minha vida
>para pior muitas vezes
>mas também para melhor
>me sento no balanço
>e deixo meu lado gótico reinar
>ninguém ia ver mesmo
>depois de quase meia-hora escuto barulho de passos
>levantei os olhos para fingir que tinha caído uma chuva de ciscos em mim
>e então a vejo
>Mini
>ela parecia diferente
>uma versão melhor de si mesma
>se senta do meu lado
>o mundo dá umas voltas bem filhas da puta
>ela pergunta se eu estava chorando
>eu pergunto se ela se lembra de mim
>mesmo já sabendo a resposta, ainda doeu quando ela disse não
>ficamos em silêncio
>começa a escurecer
>céu coberto de nuvens
>nada de estrelas
>melhor assim
>Mini talvez nunca recupere suas lembranças antigas
>mas nós poderíamos criar lembranças novas
>e melhores
/cc/
>primeiro ano
>eu era excluído
>só tinha uma melhor amiga
>nós ficávamos juntos o tempo todo
>ela era linda, loira, olhos castanhos
>eu era o nerd cheio de espinhas
>mas ela dizia que eu era lindo
>um dia comum decido matar aula
>digo que estou doente
>todo mundo acredita
>mãe me pede pra ir comprar pão
>no caminho de volta encontro uma menina
>ela é ruiva e tem olhos azuis
>pqp
>ela estava chorando sentada em um balanço velho
>vou até ela e pergunto se ela tá bem
>claro porque com certeza ela tá chorando de alegria
>ela balança a cabeça, mas não diz nada
>ficamos em silêncio
>ela pergunta qual meu nome
>digo que é Miguel
>ela sorri e diz que se chama Mini
>ficamos conversando
>em nenhum momento ela me diz por que estava chorando
>do nada ela pega minha mão
>começa a correr comigo para fora da praça
>sigo ela porque sou otário
>corremos enquanto ela ri
>acho que ela é louca
>paramos perto do bosque que todos diziam que era mal assombrado
>ela cruza os braços, olhando para as árvores
>pergunto o que ela tá fazendo ali se não sabe das histórias
>ela diz que sou bobo por acreditar em fantasmas
>começa a me chamar de fantasminha camarada
>louca mesmo
>ela se senta no chão e depois se deita
>é louca mas é linda
>8/10
>vou tirar 2 pontos pela sanidade
>me deito com ela
>nunca tinha feito nada parecido com uma garota
>ela não fala nada, só fica olhando pro céu
>começo a achar aquilo muito estranho
>ficamos ali até ficar de noite
>estrelas começam a aparecer
>ela se vira para mim e pergunta se já dei algum nome para alguma estrela
>digo que aquilo era coisa de criança
>ela revira os olhos
>tudo bem, vou dar um nome
>digo que vou chamar uma aleatória de Mini
>ela ri
>nos levantamos depois para ir embora
>ela não parece com pressa
>levo ela até a casa dela andando
>não sei que horas são
>ela me pergunta como vou voltar para casa
>digo que vou pegar um ônibus
>ela me pergunta se não quero carona
>falo que ela não tem idade para dirigir
>ela faz uma careta e diz que ela não mas o pai dela sim
>acho que ela não deve saber que pais não gostam de dar carona pros futuros caras que vão fazer as filhas deles de deposito
>digo que não precisa
>ela insiste e me manda entrar
>casa dela é mó legalzinha
>o pai dela aparece
>ele tá vestido com uma blusa florida, calças azuis e chinelo havaiana com um óculos cor de rosa na cara
>que
>família toda louca
>agora sei de onde ela puxou
>ele me dá um abraço como se fôssemos íntimos
>pergunta pra Mini se é um novo namoradinho
>ela olha para mim e pisca o olho
>pai me leva embora
>Mini passou a viagem inteira olhando para a janela
>quando vou sair do carro e agradecer a carona ela me dá um abraço
>conheço essa garota a um dia oq to fazendo
>ela pega uma caneta que tava no porta luva do carro
>escreve na minha mão o número dela
>tempo todo o pai ouvindo xitaozinho e xororo pelo rádio
>ele diz para eu aparecer sempre sou de casa já
>minha mãe quase me mata quando finalmente me vê em casa
>diz que passei o dia todo fora e que não tenho consideração por ela
>que chamou a polícia
>faz um drama enorme
>depois pergunta se tô bem
>até esqueci que fingi que tava doente
>fico a noite toda pensando na Mini
>no quanto ela é aleatória
>dia seguinte minha mãe me manda pra escola que já que consigo ficar o dia todo fora vadiando consigo muito bem estudar
>não tava doente mesmo
>mal chego e já vejo minha melhor amiga me olhando como se eu fosse um monstro
>diz que me ligou um milhão de vezes e mandou mensagem
>falou que achou que eu tivesse morrido
>decido contar pra ela da Mini
>ela me olha parecendo triste
>pergunta se vou ter contato com ela
>digo que não sei
>ela dá de ombros mas parece ficar distante
>não tenho tempo para pensar nisso
>ficava o tempo todo tentando adivinhar o que a Mini tava fazendo
>chego em casa e decido ligar para ela
>ela não atende
>ligo mais cinco vezes
> nada
>perto da meia-noite
>não tô com sono
>conversando com minha melhor amiga pelo caralivro
>escuto meu celular tocar
>atendo
>escuto a voz de alguém aleatório
>essa pessoa pergunta se sou Miguel
>digo que sim
>então a pessoa pergunta se conheço a Mini
>digo que só vi ela uma vez
>então ele diz que a Mini tá chorando perto de uma ponte
>ele acha que ela vai pular
>pergunta se posso ir lá
>pergunto de volta porque ele tá me chamando
>ele diz que a Mini falou que era pra eu ir
>não quero ter nada haver com uma garota que gosta de se jogar de pontes
>mas decido ir
>Sam (a melhor amiga) insiste em ir comigo
>lembro que os pais dela são bravos e nego
>ela fala que vai mesmo assim
>tô cercado de loucos
>vamos os dois de a pé de madrugada
>maus elementos por todos os lados
>novinhos dando moral pra Sam
>vontade de tacar uma pedra
>me controlo e chegamos no lugar
>Mini tá sentada na barra de proteção da ponte do lado de um garoto
>ele olha para mim e pergunta quem eu sou
>digo que sou Miguel
>ele falou que achou que eu não iria mais ir porque demorei uma hora
>realizo que não é da conta dele que não tenho um meio de transporte mais rápido que meus pés
>vou falar com a Mini
>ela tá olhando pra água
>pergunto o que ela tá fazendo
>ela suspira e diz que tá triste
>pergunto porque
>ela não responde
>digo que não posso ajudar ela se ela não me ajudar
>ela então diz que ajudaria se eu a abraçasse
>conheço essa mina há um dia e já estamos no ponto de eu evitar que ela dê barra quite da arroba life
>não sei se quero isso
>penso em ir embora
>fugir
>mas acabo abraçando ela
>trouxa uma vez trouxa pra sempre
>ficamos ali um tempo
>Então ela pula da barra até o chão
>o cara que tava com ela ficou conversando com a Sam
>ela se cumprimentam, mas não parecem à vontade
>Mini diz que quer ir embora
>o cara se oferece para levar ela porque ele tem carro
>olho para Sam não posso deixar ela ir sozinha de madrugada até em casa
>pergunto se ele não pode nos levar também engolindo todo meu orgulho
>ele dá um sorrisinho mas aceita
>deixa todo mundo nas suas respectivas casas
>eu sou o último
>ficamos em silêncio
>quase digo que prefiro andar a pé
>mas penso nos esquartejamentos
>fico no carro
>ele pergunta como conheci a Mini
>eu conto mais ou menos não devo nada a ele
>só a carona da Sam mas ele não fez mais que sua obrigação
>ele diz que é apaixonado pela Mini desde que eram crianças
>não quero saber
>ele diz que a Mini sempre foi problemática
>como se tivesse nascido errada
>e não soubesse o que fazer da própria vida
>acho ele muito dramático
>ele pergunta se a Mini me contou algo sobre a vida dela
>falo que não
>ele fica quieto
>minha curiosidade vence meu orgulho pergunto o que ele sabe
>ele diz que vou ter que perguntar pra ela
>filho da puta
>ele me deixa em casa mas antes de me deixar sair do carro diz pra eu prestar atenção na Sam
>você não manda em mim vacilão
>não consigo dormir a noite porque fico pensando na Mini
>dia seguinte decido ir até a casa dela
>ela tá sozinha pregando estrelas de papel numa cartolina
>não tá vestindo mais que uma blusa azul transparente e um short de pijama
>digo que se ela quiser desabafar fica a vontade
>ela diz que não
>penso em insistir
>mas então só ajudo ela com as estrelas idiotas
>que gay
>ela pergunta do nada se já beijei alguém
>eu minto e digo que sim
>ela sorri e diz que nunca beijou ninguém
>ah tá me engana que eu gosto
>ela pergunta se eu posso ensinar ela
>falo que tá ok
>não faço ideia do que fazer
>mas nos pegamos
>melhor sensação da minha vida
>ficamos até eu dizer que tenho que ir pra casa
>ela me acompanha até a porta e me dá um abraço
>faço um esforço consciente para me lembrar que não to apaixonado
>e que ela é louca comprovado por ela mesmo, eu e o vacilão que gosta dela
>conto tudo para Sam quando chego em casa
>ela tava lá me esperando brincando com meu cachorro
>Sam me olha como se não acreditasse
>pergunto qual o problema
>ela não responde
>ficamos em silêncio então ela diz que acha que a Mini vai me magoar
>todo mundo decidiu fingir que está numa novela do nada
>falo que ela tá imaginando coisas
>ela não toca mais no assunto comigo
>os dias seguem
>eu e Mini nos encontramos todo dia
>ela tem sempre uma surpresa nova
>acho ela a louca mais encantadora do mundo
>e descubro que sou bem gay por ela
>decido pedir ela em namoro
>já estávamos ficando a quase um mês mesmo
>ela aceita
>Deus é bom
>chamamos Sam e o garoto que gosta dela para comemorar nossa alegria
>os dois não parecem muito felizes pela gente
>dane-se
>mostro bem pra ele que tenho a Mini e ele não
>sou desses
>tiro a virgindade dela naquele dia
>melhor coisa do mundo
>acho que gosto daquela pintanguinha pra caralho
>começamos a fazer tudo juntos
>o pai dela me ama
>acha que sou ótimo pra filha dele
>e é gay também
>como ele teve a Mini????
>fico cada vez mais apaixonado por ela
>até pelos defeitos
>não quero sair de perto
>nosso aniversário de um mês
>decido fazer algo especial
>segui a ideia daquele filme pra menina mal comida que a Sam me fez ver um dia
>consegui colocar oficialmente o nome Mini em uma estrela
>foi difícil mas consegui
>vou até a casa dela contar que sou foda
>e comemorar nosso aniversário
>e dar o presente dela
>mas quando chego lá vejo que tá tudo escuro
>chamo o nome dela bato na porta e nada
>decido entrar com a copia da chave que eu tinha
>tudo em silêncio
>Mini cadê você minha filha
>vou até o quarto dela
>então meu coração para
>meu mundo entra em colapso
>quero morrer
>quero nunca ter nascido
>quero parar de ser tão gótico
>Mini tá sem roupa com aquele otário em cima dela
>não sei o que dizer só sentir
>percebo que o único otário sou eu
>amei aquela mina pra porra
>agora só queria que ela nunca tivesse aparecido na minha vida
>falo alto o suficiente para ela escutar: acabou
>saio dali
>fico chorando nas ruas
>quero ir pra casa me afogar no rio de magoas que existe em mim
>e parar de ser gótico urgentemente
>decido entrar em um bar qualquer
>começo a tomar todas
>esquecer aquela vadia
>não me merece
>sou o cabra mais lindo
>10/10
>começo a achar as depósitos tudo lindas
>uma moreninha vem até mim
>ela pergunta se eu tô bem
>falo pra ela vir quente porque eu tô fervendo
>ela diz que pareço que vou morrer
>todo mundo é dramático nesse caralho de vida
>ela pede meu celular
>mereço agora também sou ser assaltado
>entrego pra ela porque a coisa mais importante já foi tirada de mim mesmo
>ela fica com meu celular por um tempo e diz que encontrou só a Sam no grupo família da agenda do meu celular
>digo que ela é minha irmã
>ela liga para Sam e fala que tô a ponto de ter que ser mandando pro pronto socorro
>nem ligo
>começo a dançar no bar
>todos os tipos de álcool no meu corpo
>não tô bem
>aqueles sertanejos bosta tocando
>quero que o mundo acabe
>todo mundo tá me olhando como se eu fosse louco
>alguns com pena
>chega umas depósitos perguntar se podem me ajudar a superar a foça
>não sabia que sofrer por amor fazia alguém pegar geral
>a moreninha diz que não tô em condição de ficar com ninguém
>ignoro ela e beijo qualquer uma que aparecer na frente
>Sam chega do nada e me puxa pelo braço
>as pintaguinhas (sim vou casar com todas) olham para ela mal humorada
>Sam nem liga
>essa é minha garota dona de si e irreverente
>ela me leva para fora
>começo a me sentir enjoado
>vomito minha vida toda no chão
>estou digno de pena
>ela tenta andar comigo mas não consigo
>ficamos sentados em um beco
>Sam do meu lado
>em meio a lixo e gatos com fome
>só faltava um mendigo pra ficar ainda mais romântico
>ela pergunta se quero que ela chame um táxi
>digo que não
> não quero que minha mãe me veja daquele jeito
>Sam concorda e ficamos quietos olhando para a parede de reboco do beco onde tá escrito “Lindsay delicia liga pra mim gatão” com um número de celular
>fico olhando tanto pra esse número que até decoro
>uma hora se passa
>Sam não tá olhando pra Lindsay na parede se oferecendo mas sim para as estrelas
>nojo
>aquilo me lembra a Mini
>o que me lembra que fui traído
>o que me dá vontade de chorar
>pareço um bebê
>Sam me abraça
>digo que considero ela pakas
>ela ri e diz que sabe
>realizo que preciso ligar para Mini
>cadê meu celular
>ah é fui roubado
>peço o celular da Sam
>ela me entrega na ingenuidade
>ligo pra Mini
>ela não atende
>ligo mais duas vezes
>Sam ainda tá olhando para as estrelas sem ideia do meu plano mirabolante
>finalmente ela atende
>começo a despejar tudo
>chamo ela de coisas que ofenderiam até o Hitler
>Sam olha pra mim assustada e tenta tomar o celular da minha mão
>sou mais forte, haha toma trouxa
>ela começa a implorar pra eu devolver e não me humilhar
>que
>eu que tô humilhando sua louca
>mas então começo a dizer que amo aquela vadia sem sentimentos
>que ela é a mulher da minha vida
>a deposito dos meus espermatozóides
>que um dia iriam virar mini migueis e mini minis
>começo a rir disso
>devo estar fora de mim
>Sam apela pra um gole baixo
>me chuta no saco
>pior dor do mundo
>começo a me contorcer no chão
>solto o celular
>piranha
>ela o pega e está pronta pra desligar mas então coloca no ouvido
>ela fica um segundo só ouvindo mas então arregala os olhos
>começo a ficar preocupado
>ela então desliga e olha pra mim
>o que houve colega?
>ela não responde
>pergunta se podemos ir embora
>só se me contar
>ela desiste e fala
>a Mini tá em um hospital
>eu me assusto
>pergunto se podemos ir até lá
>ela chama um táxi e precisa pagar com seu dinheiro já que gastei o meu todo pra me embebedar e curar as magoas
>eu havia passado a viagem toda me sentindo um lixo
>mas a Mini não merece ela me traiu de qualquer forma
>chegamos lá
>Sam diz que talvez eu deva ficar longe do pai da Mini que era ele que estava no celular
>começo a me sentir ainda mais lixo do que já me sentia
>vida porque você é uma merda?
>pai da Mini tá sentado tomando um café
>torço pra ele ainda se lembrar que me ama
>ele olha pra mim com raiva
>eu me encolho pronto pra fugir como o covarde que sou
>Sam vai até ele e pede pra ele explicar o que a Mini tem
>ele diz que ela foi drogada e que precisou passar por uma lavagem estomacal
>e que também foi estuprada
>a bebida deixou meu raciocínio lento
>ou talvez seja a negação
>começo a completar cada peça daquele quebra cabeça doentio na minha cabeça
>ele estuprou ela
>ele arquitetou tudo pra eu achar que ela estava me traindo
>e eu cai feito um patinho
>realizo que vou matá-lo
>saio do hospital
>Sam vem atrás de mim correndo
>ela não tá entendendo é nada
>pego o primeiro táxi que encontro até esqueço que não tenho dinheiro
>mas que se dane
>Sam diz que vai comigo
>mas mando o motorista acelerar
>deixo ela sozinha na frente do hospital
>só então lembro que não sei onde ele tá
>mando o motorista me deixar na casa dele
>quando o carro para eu saio sem nem olhar para trás
>ele grita comigo mas tô nem ai
>a casa dele está vazia
>eu pulo o muro e quebro uma janela para entrar
>então vou até o quarto dele e destruo tudo que encontro
>nunca achei que fosse sentir tanto ódio de alguém
>é claro que quando a irmã dele chega em casa e vê tudo um caos ela chama a policia
>nem reajo
>ficamos quietos até a viatura chegar
>ela com um amassador de feijão na mão
>ótima arma se eu fosse um psicopata com certeza ela iria me impedir com aquilo
>ela vê que eu estou chorando e pergunta o que caralhos eu fiz e porque destruí a casa dela
>conto o que o irmãozinho dela fez
>ela não acredita
>a policia chega e me leva para ser fichado
>sou colocado em uma cela qualquer até alguém de maior ir me buscar
>minha mãe aparece devidamente horrorizada
>estou um lixo humano
>e ela com certeza vai pagar uma fortuna pra família dele
>começo a sentir raiva do universo
>minha mãe não fala comigo até chegarmos em casa
>ela me manda ir direto pro meu quarto
>fiquei lá acordado sem nem me mexer até as cinco da manha
>sem celular, sem poder sair de casa e sem noticias
>Sam aparece
>ela parece abatida
>diz que passa tudo bem com a Mini e que logo ela irá ser liberada
>balanço a cabeça
>eu estou cansado demais para conseguir ficar feliz
>percebo que minha vida virou uma confusão desde que a Mini apareceu
>não é saudável
>decido terminar tudo
>espero uma semana
>então vou até a casa da Mini
>ela está com um vestido azul e com o cabelo preso
>ela não me abraça nem fala nada quando me vê
>acho que está magoada por eu ter demorado tanto a aparecer
>fiquei uma semana ignorando ela, a Sam e todo mundo
>tá na hora de resolver aquilo
>digo que quero terminar
>que aquilo saiu do controle
>ela me olha chocada
>então começa a chorar
>fico só olhando para ela
>quero abraçá-la mas tudo começou por que tentei consolar ela
>sempre soube que não ia terminar bem
>ela levanta os olhos para mim e diz que quer contar uma coisa
>falo que temos todo o tempo do mundo
>ela diz que quando tinha 10 anos ela fugiu de casa porque tinha brigado com a mãe por uma idiotice
>a mãe dela foi atrás dela de carro
>e sofreu um acidente
>morte instantânea
>ela nunca se perdoou
>fico em silêncio sem saber o que dizer
>não sabia que ela teve uma vida tão fodida
>não resisto e abraço ela
>nós dois choramos
>quero proteger essa garota do mundo
>não sei se o que temos é um namoro
>mas não consigo sair de perto dela
>começamos a contar tudo um pro outro
>cada segredo
>os dela são sempre piores
>e tentamos nos ajudar
>Sam faz o possível também
>vivemos bem por um tempo de apoio mútuo
>segundo ano
>Mini se muda para minha escola
>passa a ser a topzinha popular
>claro ela é linda
>nem parece a garota problemática que era
>tá sempre cercada de escravocetas
>Sam começa a sair com um garoto
>depois da minha devida aprovação é claro
>e eu arranjo uns amigos no trabalho que minha mãe me obrigou a me candidatar
>mesmo assim todos os dias Sam, Mini e eu se reunia para conversar sobre a vida
>amizades surge de umas coisas estranhas
>até que um dia Mini não aparece para o encontro de sempre
>fico preocupado
>Sam diz que ela deve estar com alguns dos seus novos amigos
>ligamos pra ela
>o celular dela está desligado
>decidimos começar a reunião sem ela
> mas por algum motivo começo a me sentir enjoado
>passa várias h0ras
>celular só desligado
>até que alguém liga para mim
>não quero atender
>Sam atende no meu lugar
>deja vu
>ela escuta alguma coisa
>depois fica em silêncio
>pede pra ele repetir
>começo a sentir o mundo desabar
>Sam nem consegue me olhar nos olhos quando solta o celular
>a Mini sofreu um acidente
>uma mistura de sentimentos surgem em mim
>logo agora caralho
>logo agora que estava tudo bem
>a vida é a porra de uma piada maldosa
>ela estava em uma avenida na hora
>tinha parado para comprar biscoito de chocolate com menta pra Sam
>então veio um carro na contra mão
>ela sobreviveu por sorte
>mas não estava havendo melhoras
>os dias passam
>ela entra em coma
>Não consigo aceitar
>choro todos os dias me lembrando que eu sempre soube que a Mini teria o poder de me fazer ficar daquele jeito
>como se eu fosse uma porra vazia sem ela
>parece que sem ela antes nada fazia sentido
>não quero mais contato com ninguém, exceto Sam e seu namorado
>quase um mês se passa
>vou ao hospital todo dia
>todo dia levo a flor favorita dela
>antes Sam sempre ia comigo
>mas ela estava parando de ir
>começa a dizer que precisava superar aquilo
>que as chances da Mini acordar diminuíam a cada dia
>então ela diz que eu preciso superar também
>vou superar é o caralho
>nós discutimos
>falo que ela não tem coração
>o namorado dela se envolve na discussão e diz que precisamos ter calma
>tenho muita calma enquanto dou um soco nele
>Sam grita comigo
>diz que se eu quiser me afundar no fundo do poço que eu vá sozinho
>começo a passar meus dias sozinho
>meus manos do trabalho respeitam meu isolamento
>cada dia é pior que o outro
>numa manha decido fazer algo que não seja esperar a morte na minha casa
>não vou ligar para a Sam nem morto
>decido ligar para Lindsay
>eu havia decorado o número depois de reler ele um milhão de vezes quando achei que havia sido traído
>uma garota atende
>pergunto se é a Lindsay
>ela diz que é e que tipo de programa eu quero
>que direta
>digo que é um abraço
>ela ri e me manda passar trote na casa do caralho
>falo que é sério
>ela fica em silêncio
>então me dá seu endereço
>Lindsay não parece ter mais de vinte anos e é loira de farmácia e tem olhos azuis
>como os da Mini
>tô comparando o amor da minha vida com uma garota de programa
>uma garota de programa muito legal
>ela me deixar passar os dias lá com ela chorando as pitangas
>ela me consola
>me dá leite com toddy
>diz que é até bom porque descansa e ainda é paga pra isso
>mas não me cobra muito
>todo dia conto uma parte da história pra ela
>e fico sentindo a falta da Mini em um ambiente de porra e filmes eróticos
>nada é perfeito
>Lindsay diz que posso ligar pra ela a qualquer hora se alguma novidade acontecer
>o que falar dessa prostituta que mal conheço e já considero pakas
>vou até o hospital depois do trabalho como sempre faço
>os parça do trabalho me dá carona
>estou me despedindo deles quando o pai da Mini vem na minha direção correndo
>ele tá chorando como se fosse criar um dilúvio na terra
>fico assustado
>começo a rezar
>ele me abraça e então diz as palavras que todos os dias eu sonhava ouvir
>a Mini acordou
>não consigo acreditar
>estou sem reação enquanto ele e os manos do trabalho começam a comemorar pulando ao meu redor
>só consigo pensar que a Mini ainda vai ter uma vida
>que ela ainda tem uma chance
>ligo para Lindsay
>ela tá no meio de um programa mas consegue me atender
>conto a noticia em meio a gemidos falsos e palavrões
>ela fica tão feliz que consegue fazer o cara gozar na hora
>decido desligar para ela fazer suas questões
>transformo o corredor do hospital na minha casa
>o processo de recuperação da Mini é lento
>esses lances de coma é complicado
>mas ela tá acordada e é o que importa
>Sam também a visitava mas nos horários que eu tinha que sair
>para não nos encontrarmos
>ela havia tentado se reaproximar de mim mas eu não consegui dar a liberdade
>até quero me aproximar agora mas acho melhor ir com calma
>o importante agora é a Mini
>chego cedo ao hospital como sempre
>vou ir pegar meu café e voltar a rotina do dia
>quando o médico da Mini pede pra falar comigo
>pergunto o que ele quer
>ele diz que o coma deixou sequelas
>imagino minha pitanguinha sem conseguir andar
>falar
>ou algo assim
>mas ele diz que ela perdeu a memória
>e que só se lembra de algumas coisas
>ela se lembrava do pai e da Sam
>mas não de nenhum Miguel
>não consigo acreditar
>eles me levam até o quarto dela para fazer um teste
>desde que ela acordou eu só conseguia vê-la enquanto ela estava sedada
>mas agora ela estava com os olhos abertos
>seus olhos azuis
>cor de tempestade
>acho que virei poeta
>pergunto se ela está bem
>ela balança a cabeça
>tento segurar a mão dela, mas ela afasta sua mão
>meu coração começa a doer
>por favor, não
>pergunto se ela se lembra de mim
>ela me olha
>os segundos mais longos da minha vida
>e diz não
>o mundo poderia acabar naquele momento
>um raio poderia cair na minha cabeça
>eu nem ia me importar
>a vida é mesmo a porra de uma piada maldosa
>seguro o choro até me despedir dela
>e choro sozinho no corredor do hospital
>as pessoas passam me olhando com pena
>então sinto alguém me cutucando
>uma criança está estendendo um pirulito pra mim
>ela explica que o médico dela sempre lhe dá um quando ela chora
>eu consigo sorrir mas sei que nem todos os pirulitos do mundo vão me ajudar agora
>decido me levantar
>e espero até o horário da Sam chegar ao hospital
>ligo para o meu trabalho para avisar que não vou
>meu chefe aceita meio relutante
>fico na cantina esperando
>sei que ela sempre passa lá para comer antes de voltar pra casa porque já havia ouvido umas enfermeiras comentando
>eu sei de tudo daquele hospital
>a enfermeira Regina George trai o médico Aaron todas as terças
>é isso que ganhei quando praticamente me mudei pra lá
>perto das quatro ela finalmente entra
>espero ela pegar sua comida e achar uma mesa
>então vou até ela
>ela fica surpresa por me ver ali no horário dela
>mas decide que a melhor defesa é a simpatia
>então pergunta se eu tô bem
>começo a rir histericamente
>o amor da minha vida não sabe quem eu sou é claro que estou bem
>ela parece preocupada
>diz para eu me acalmar
>pergunta se eu quero uma água
>digo para ela pegar a água se afogar com ela
>ela me olha com raiva e diz que está tentando me ajudar
>que eu me tornei um babaca desde o acidente
>que ela não teve culpa nenhuma
>que estava cada dia de sentindo mais sozinha
>que tava tudo uma droga
>e que ela estava grávida
>nessa altura ela já estava chorando
>acho que não ouvi bem
>meu raciocínio está no mesmo nível de uma porta
>o que é grávida
>ela coloca inconscientemente a mão na barriga
>todas as aulas sobre sexo na escola vem até mim lentamente
>aquele namoradinho dela havia colocado uma sementinha nela
>que iria brotar e virar um bebê
>minha melhor amiga vai ter um bebê
>ela ainda está chorando
>eu a abraço porque a outra opção era perguntar “VOCÊ DEU PRA ELE?????”
>mas acabo fazendo a segunda parte também
>sou convidado para me retirar do hospital
>ela vai comigo
>começo a perguntar as coisas básicas
>os pais dela ainda não sabem
>mas o namoradinho quer assumir
>e se casar
>ela revira os olhos nessa parte
>só tem 16 anos a garota
>digo que ela pode contar comigo
>limpo até as fraldas sujas
>se for menino dou as dicas pra pegar as depósitos
>ela sorri e diz que esperava isso mesmo, mas que é menina e que o nome vai ser Ariel
>nem nasceu e já sei que vai me dar trabalho
>vamos até a casa dela
>sinto que passou uma década desde que fui ali pela última vez
>subimos até o quarto dela porque ela diz que quer me contar uma coisa
>então revira a gaveta para procurar alguma coisa, depois me entrega um caderno e se senta numa cadeira
>pergunto se ela está bem
>ela diz que sim e me pede pra ler
>é um diário
>com anotações desde o nono ano
>descubro umas coisas bizarras sobre a Sam
>como ela gostar de comer ervilhas com ketchup
>e já ter sido apaixonada por mim
>por mim
>pergunto se aquilo era verdade
>ela diz que ervilhas com ketchup são muito boas
>falo que tô falando da paixonite
>ela diz que sim
>mas que havia desistido quando a Mini apareceu
>porque parecia até destinado
>reviro os olhos
>não tem isso de destino não
>nós ficamos nos olhando
>ela diz que quer que eu seja padrinho da filha dela
>digo que eu seria até se ela não quisesse
>então ela me abraça
>e diz que fui o melhor amigo do mundo
>então faz ervilhas com ketchup
>e nos comemoramos o fato de estarmos vivos como se isso significasse alguma coisa
>à noite o namorado dela chega
>fico sem graça porque o nosso último encontro não foi muito amigável
>mas ele não parece perceber nada além do fato de que vai ser pai
>nem mesmo que o cara que havia quebrado seu nariz iria ser padrinho da filha dele
>felicidade demais
>eu me despeço deles depois de um tempo
>muito amor para pouco eu
>Sam me acompanha até a porta e diz que logo vai ter que parar de ir para escola e pergunta se posso ir visitá-la quando isso acontecer
>eu digo que irei praticamente morar na casa dela
>ela diz que não duvida nada já que eu fiz a mesma coisa com o hospital
>sorrio para ela e vou para minha casa
>no meu quarto, protegido com meu cobertor e no escuro tento aceitar duas coisas:
>que a Mini não se lembrava de mim
>e que a Sam estava certo
>ela realmente iria me magoar
>continuo indo ao hospital
>o médico dela diz que não posso fazer nada que force sua memória
>porque isso poderia fazê-la piorar
>ou ela se lembra naturalmente
>ou não se lembra
>todos os dias eu deixava flores para ela
>todo dia eu rezava para ela me ligar e dizer que se lembrava de mim
>isso não aconteceu
>no dia que ela foi liberada do hospital o médico dela me deu uma lista das coisas que ela esqueceu:
>a morte da sua mãe
>o estupro
>algumas coisas bobas que a deixavam tristes
>o que me fez pensar que ela talvez houvesse esquecido os segredos que ela havia me contado
>e que agora eu poderia ser único que sabia
>parecia que ela havia esquecido os motivos que tinha para chorar
>como se tivesse ganhado uma nova chance
>mas que eu não estava incluído
>quis sentir raiva do universo de novo
>culpar alguma santidade por me odiar tanto
>mas ela estava bem
>isso poderia ser meu final feliz
>não peguei um táxi para ir até em casa
>ao invés disso vou andando até a praça onde havia conhecido a Mini
>pensando em como ela havia mudado minha vida
>para pior muitas vezes
>mas também para melhor
>me sento no balanço
>e deixo meu lado gótico reinar
>ninguém ia ver mesmo
>depois de quase meia-hora escuto barulho de passos
>levantei os olhos para fingir que tinha caído uma chuva de ciscos em mim
>e então a vejo
>Mini
>ela parecia diferente
>uma versão melhor de si mesma
>se senta do meu lado
>o mundo dá umas voltas bem filhas da puta
>ela pergunta se eu estava chorando
>eu pergunto se ela se lembra de mim
>mesmo já sabendo a resposta, ainda doeu quando ela disse não
>ficamos em silêncio
>começa a escurecer
>céu coberto de nuvens
>nada de estrelas
>melhor assim
>Mini talvez nunca recupere suas lembranças antigas
>mas nós poderíamos criar lembranças novas
>e melhores
Caralho, puta que pariu, caralho. Que GT é esse mano 100000/10
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