Random Sad 1

>novembro
>conheço uma garota no Facebook
>pode continuar a ler, a reflexão vai além de apenas uma paixão adolescente
>conversamos um pouco e ela me passa seu número dizendo que gosta de ver status no wpp
>simples assim. é a entrada de um demônio na minha vida
>mas vamos chegar ao ponto de hj
>meu maior inimigo sempre foi e sempre será a solidão
>o escuro, o desespero conseguem sempre me abraçar
>porém, depois de um ou outro relacionamento falho eu a conheci
>ela tinha acabado de se mudar da minha cidade para São Paulo, após um termino ao qual ela morava com o rapaz e sua mãe
>nós conhecemos e mantínhamos conversas contínuas
>do nada a vejo na cidade, ela havia voltado com o rapaz
>me sinto bem em vê-la sorridente
>a chamo e digo que estou feliz por vê-la feliz
>ela agradece
>digo se não poderíamos sair, eu, o namorado dela e alguns amigos, eu queria conhecê-los
>como casal mesmo
>ela diz que o namorado não gosta de amigos homens dela
>ok
>alguns meses passam
>fevereiro
>eles terminam
>e eu, um completo imbecil me aproximo por ela estar mal
>começo a frequentar o bairro onde ela morava com o ex
>mesmo que as duas da manhã pela minha disponibilidade de horário, eu pegava dois ônibus e ia
>ficamos muito próximos cantando pelas madrugadas
>próximos até demais
>bebemos bastante e eu já tive a brilhante ideia de janta-la
>ela aceitou na hora vir pra minha casa
>eu disse que iríamos a praia de noite
>eu amava fazer isso com meus familiares e ela sempre quis ir
>havia feito isso apenas uma vez com o irmão
>tudo perfeito
>estava um pouco frio mas suportável
>como eu ri aquela noite
>ela era a garota que mais me fazia rir
>a garota mais divertida que conheci
>depois de voltarmos e beber mais ela me leva para o quarto
>meio desajeitado começo de uma forma meio estranha, errei umas três vzs
>ela me diz "não era bem isso que eu estava esperando pra hj"
>o sangue me sobe a cabeça e desconto todo o ódio por duas horas naquela bct
>quase passo mal. dar prazer a ela me dava prazer
>ela teve alguns orgasmos e eu também
>assim, depois de vinte anos de intimidade apenas comigo mesmo, eu perdi minha virgindade
>seria tudo magnífico, se durante o processo ela bêbada não chamasse o nome do ex
>tenho surtos psicóticos porém preciso de fatores gatilhos pra que esses desencadeiem
>depois de minutos estou com cortes no braço feitos a gilette
>e na nádega esquerda dela, a esplendorosa letra inicial do nome de seu ex, entalhada a sangue
>ela me evita por semanas
>sempre mantendo contato
>ela estava distante
>achei que por medo, mas não era apenas isso
>depois de três semanas me evitando descubro que ela havia voltado com o rapaz
>me sinto tosco. ela escondeu isso de mim por vinte dias e se eu não descobrisse seriam mais
>enquanto eu tentava trazê-la de volta ela transava e recebia afeto daquele cujo ela dizia odiar
>aparentemente ela não queria se distanciar de mim mesmo que como amigo
>mas não conseguíamos, a atração era muito grande de ambas as partes
>bem, poderíamos dar um jeitinho nisso
>ele já havia ja agredido com um tapa enquanto a humilhava na frente da mãe
>ele não merece meu senso benevolente
>durante quase um mês, eu fui seu namoradinho secreto, como ela dizia
>depois de uma suposta gravidez e do garoto mencionar dar uma facada na barriga dela, eles terminam novamente
>ela vem morar comigo
>era lindo ter alguém comigo no meu ambiente frio
>todos os dias quando eu voltava, ela estava me esperando
>ela tinha depressão e sempre teve cicatrizes horríveis por todo o corpo, mas eu as admirava
>pra mim era demonstrações de superação
>aquelas marcas a faziam dez vezes mais bela
>eu moro numa casa a 6 metros de altura
>ela se dispõe a se jogar da janela algumas vzs durante o decorrer do tempo que mora comigo
>mas eu a sempre a faço descer
>lembro-lhe que ela tem apoio no meu âmbito hostil
>um belo dia a beijo e saio para o trabalho
>quando retorno todas as suas coisas sumiram
>e havia gotas de sangue no chão
>dia após dia, deixo a chave da casa na caixa do correio aguardando que ela volte
>no décimo quinto dia eu perco minhas esperanças
>quando havia sumido, ela levou um celular que eu havia comprado fazia nem duas semanas
>todos ao meu redor dizem que ela me roubou
>com bloq no Facebook e números fora de área, depois de um tempo eu acredito
>um mês e quinze dias se passam
>recebo uma mensagem dela
>ela diz que perdeu um filho meu e estava morando em SP com o pai
>eu desmorono com a possibilidade
>durante semanas tenho surtos
>meu doce Cain
>ele se chamaria Cain se viesse a existir
>diversas vezes sinto minha sanidade rasgar
>tênue e frágil seda de cor negra
>ela se transforma lentamente em trapos ao som dos meu gritos
>até mesmo durante meus momentos íntimos sozinho os surtos me destroçam
>me sinto um monstro pela coisas horrendas que efetuo
>minha forma de pensar no dia a dia muda e meu raciocínio se faz por desnecessário
>eu não mais penso e racionalizo como antes
>apenas formulo e formo respostas básicas
>minha mente o tempo todo está em outro local
>num lugar mais frio e solitário
>acidentes no trabalho ocorrem
>quase perco um dedo numa serra
>um gancho de aço pesando meio kilo cai no meu lábio por um deslize
>sento na privada no banheiro e pareço estar em transe enquanto o sangue escorre
>durante uma conversa, ela diz que estaria no município dentro de alguns dias
>queria vê-la, queria conversar sobre o porquê ela me abandonou e ainda me furtou depois de tantas promessas
>aqui se inicia meu segundo erro: fornecer a segunda chance
>depois de quatro dias na casa da mãe ela vem
>dez minutos após o Uber ir embora estou no seu íntimo
>a atração que eu sentia por aquela garota era incontrolável
>o simples cheiro dela me fascinava
>elas passa quatro dias comigo, saímos com minha família, transamos em todos os lugares possíveis, até numa praia
>aquele foi o melhor pião da minha vida de solteiro
>nesse mesmo dia, encontramos o ex dela e ele veio recobrar seu sumiço
>tudo que quero fazer e grudar aquele cara
>eu necessitava sentir o odor de seu sangue
>aquele aparelho bucal que ele usava seria meu maior aliado
>mal poderia esperar pra ver o quanto aquilo faria um estrago
>depois de alguns minutos de conversa ela aparentemente o dispensou
>em um dentre esses dias que vivemos juntos ela me pressiona sobre relação
>eu acabo cedendo e a peço em compromisso
>já faz um mês desde que ela retornou para a cidade pra ver a mãe
>me fez a pedir em namoro e depois disse que fomos precipitados e que não deseja nada sério
>que precisa firmar sua vida primeiro
>depois dos dias que ficou aqui ela voltou pra casa da mãe, e depois foi a casa de uma amiga
>mandou fotos com ambas após eu passar confiança de que realmente acreditava nela
>mas o melhor momento é quando você olha no rosto de um humano
>e vê a crença e esperança dele desaparecer >depois de ter acreditado em falsos fatos
não confio nem mesmo em meu próprio eu
>as vozes na minha cabeça são voláteis
>me fazem mudar de opinião e direção sem perceber
>quem dera confiaria em outro ser dessas maneira
>porém, ainda assim estou aqui esperando ela retornar
>depois de diversas brigas, esperando ela voltar
>e consigo mais uma foto, nas minhas andanças pelas redes sociais as quais estou bloqueado
>dela com o ex
>com a doce legenda: se não é o amor da minha vida
>eu sinto pena
>tanta pena
>dessa garota por ser alguém vazio e sem controle do que quer
>com um passado tão negro quando petróleo
>desse garoto por ser um completo indivíduo controlável
>ela sai, vive um mundo e após a volta, ele a aceita
>sem questionamentos, sem "trivialidades"
>se rasteja e busca sua presença
>entrando na relação deles eu também fui enganado, duas vezes
>num triângulo amoroso ninguém ganha, apenas se perde
>não é algo que exista sentimento recíproco
>num triângulo, não existe equilíbrio consolidado
>e aqui estou eu racionalizando após outro surto de cabeça fraca
>o garoto que por diversas vezes eu quis sentir o sangue jorrar, é um coitado
>mais enganado e usado do que eu
>e a garota que eu queria salvar a todo custo
>de todo aquele passado horrível
>de toda a dificuldade na vida atual
>que estava sofrendo e teve a pior vida que eu já havia visto
>havia enganado ambos não só uma vez
>havia entrado na minha família e na dele
>usando ambos
>aquele que a dava suporte financeiro
>e aquele a dava suporte emocional e físico
>usado como um pedaço de carne
>mas não é de fato isso o que eu realmente sou ?
>não mais do que um pedaço de carne
>não mais do que uma existência única e completa
>gasto meu dinheiro comprando momentos
>porém o débito de momentos bons é quitado com momentos ruins
>indisponível a negociação
>isso torna tudo desequilibrado
>nada nesse plano funciona de forma justa
>se existe carma, ele é falho
>se existe equilíbrio onipotente, ele também é falho
>porém é irrelevante
>paixões, vivências, momentos
>tudo é irrelevante tendo em vista um futuro inevitável
>tudo se acalma quando não temos a responsabilidade
>dói, mas tudo se acalma quando estamos sozinhos
>a dor da minha solidão agora me reconforta
>dia após dia
>vislumbro minhas escuridão me acolher afetivamente
>e me desejar amorosamente que eu apodreça um dia satisfeito por completo

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