GT A Gruta (Tesouro de Varela Brabo)

>me chamo Jonas
>tenho 32 anos
>e desde que me lembro
>pessoas falam, que eu sou o prometido do tesouro do Varela Brabo
>Varela Brabo foi um fazendeiro muito rico da região
>e também muito ruim para seus funcionários e familiares
>toda a riqueza dele está enterrada em uma gruta
>que fica no meio das áreas que ele possuía
>em um local de floresta muito fechada
>que mal chega raios de sol
>somente a 3ª geração da minha família poderia retirar o tesouro
>como sou filho único de pais filhos únicos
>o tesouro é prometido para mim
>todas as pessoas que foram procurar o ouro escondido
>voltaram atormentadas
>nenhuma delas consegue explicar o que aconteceu enquanto estavam à procura da gruta
>tudo isso porque não foram as pessoas que o ouro foi prometido
>as pessoas que já conseguiram entrar na gruta e explicar o que viram falam que não passa de um lugar vazio e cheio de buracos
>buracos porque a um tempo atrás vieram um grupo de caça tesouro
>eles vieram preparados para levar embora o tesouro
>levaram detectores de metais
>que apitavam em lugares diferentes da gruta
>quando eles cavavam para procurar no lugar onde apitava
>o lugar não tinha nada embaixo
>somente terra
>e naquele lugar não apitava mais
>no dia seguinte que eles voltaram com aparelhos novos
>chegaram a noite e o local estava sem um buraco
>eles foram embora sem conseguir explicar o que acontece naquele lugar
>nas histórias que ouvi o tesouro é guardado pelos 2 escravos mais fortes que tinha em toda a região
>eles foram enterrados junto com o tesouro
>para guardarem e protegerem de qualquer invasor
>e somente deixar o ouro ser levado por mim e quando em completasse 33 anos
>que foi a idade que Jesus Cristo foi morto
>eu nunca acreditei muito nesta superstição
>mas hoje é o dia que eu completo 33 anos
>e vai ser o dia que eu tirarei esta história a limpo
>como todos tem medo deste lugar
>nenhum dos meus amigos quiseram vir junto
>não me importei com isso
>juntei minhas coisas
>uma pá e utensílios para se caso eu tivesse que acampar no mato
>e fui rumo a fazenda do Varela Brabo
>chegando perto de onde fica a gruta
>o tempo começa a esfriar
>depois de algum tempo de caminhada
>encontro o que parecia ser a entrada da gruta
>entro
>não há nada além de buracos no chão
>fiquei realmente muito frustrado com isso
>mas confesso que já esperava que isso iria acontecer
>vou para fora procurar um lugar para acampar
>quando arrumo tudo as coisas decido acender um cigarro bem à frente da gruta
>quando acendo, sinto uma mão gelada em meu ombro
>era um dos escravos
>totalmente sujo de sangue
>com um pedaço da cabeça aberta que parecia ter vindo de um golpe de pá
>preso ao seu braço estava uma corrente grossa que levava até o ouro
>o que nunca foi contado nas histórias é que para retirar o tesouro
>alguma alma teria que ser deixada em troca
————
Parte 2
————
>enquanto o outro me empurrava pelas costas
>fazendo com que meu cigarro se apagasse
>olhando para dentro da gruta
>tochas se ascendem
>e uma passagem se abre
>que até então não existia
>o que parecia ser uma escada
>amedrontado sigo eles
>começamos a descer
>os escravos foram na frente
>puxando as imensas correntes de ferro enferrujado
>fazendo com que ficassem marcas no chão da escada feita de pedra ferro
>barulho que me faz tremer de medo
>cada um deles segurando um lado do baú
>até chegarmos em uma grande sala
>e eles largarem o baú no chão
>fazendo ecoar pela sala
>o barulho das moedas dentro dele
>um deles continua caminhando
>falando para eu segui-lo
>o outro vem atrás arrastando o baú pelo salão
>até chegarmos ao final da sala
>com uma grande porta de madeira
>que parecia ser muito antiga
>muito mais antiga que as histórias do Varela Brabo
>vinha um cheiro podre por debaixo da porta
>meio fúnebre
>remetia muito a um enterro
>o escravo vira para mim
>com seus olhos arrancados
>algo que me deu calafrio que subiu pela espinha
>me fazendo olhar para trás
>vendo o outro escravo
>consigo ver um buraco em seu peito
>o que parecia ter sido feito por um tiro de revolver
>este tinha a boca costurada
>dizem que isto era feito por muitos fazendeiros para nunca poderem contar o que viram
>mesmo se sobrevivessem ao tiro no peito ou buraco na cabeça
>nunca conseguirem contar onde está o tesouro
>ele me empurra pelo ombro me obrigando a dar mais um passo
>me fazendo cair de joelhos, batendo os eles e fazendo o som ecoar na sala fria e escura
>quando chego ao chão
>ele fala
>aqui é o ponto mais longe que podemos chegar
>a partir daqui você irá sozinho
>mas saiba
>que ao entrar por esta porta
>não conseguirá voltar atrás
>é isso mesmo que você quer?
>balanço a cabeça afirmando
>nisso a porta velha porta se abre
>a os escravos desaparecem
>deixando à mostra o que havia atrás dela
>coroas de flores, que a muito tempo haviam ficado murchas
>velas apagadas
>e no centro desta sala
>ficava um caixão aberto com sua tampa ao chão
>e um senhor ao lado dele
>chegando perto desde senhor
>com roupas empoeiradas
>um terno de alta classe
>que se vê em filmes de época
>as velas se ascendem
>e a sala de ilumina
>e ascendendo junto um pentagrama
>que estava do lado esquerdo do caixão
>meio gaguejando eu falo
>se...se...senhor!
>ele vira para mim
>deixando amostra o real motivo de estar dentro deste local
>em sua garganta um corte
>deixando sua laringe a mostra
>sinto novamente o frio na espinha
>e um vento gelado vindo da porta
>fazendo ela bater com força
>me dando um susto
>remetendo os olhos novamente ao senhor
>eu estava te esperando
>tenho planos para você
>ele falou levantando a cabeça
>e dando um sorriso irônico
>em seguida ele me pergunta
>se é isso mesmo que eu quero
>entregar minha alma
>para ter riquezas
>minhas pernas estremecem
>e sinto novamente o calafrio
>balanço a cabeça afirmando
>ele da aquele sorriso irônico novamente
>gritando com os escravos
>chamando-os para dentro da sala
>eles entram
>carregando o baú e largando-o em minha frente
>o senhor me manda abrir
>minhas pernas voltam a tremer
>estou suando frio
>ele grita comigo me mandando abrir
>com muito medo do que aconteceria
>abro ele
>dentro do baú, além de moedas e joias
>bem no bundo
>estava um papel enrolado
>o senhor toma o papel da minha mão
>e me manda sentar, na grande mesa de araucária que tinha a direita do caixão
>eu abaixo a cabeça e me direciono a mesa
>nessa hora eu pensei em desistir
>mas não havia volta
>só tinha uma saída
>e eu tinha que encontrá-la
>chegando a mesa
>puxei a pesada cadeira de madeira e sentei
>logo atrás de mim estava o senhor
>vindo meio mancando
>e lendo oque estava escrito no papel
>chegando perto me entregou
>e sentou na cadeira ao meu lado
>era algo estranho
>parecia um contrato
>nele estava escrito
>que em troca de todas as riquezas do Varela Brabo
>eu teria que entregar minha alma
>em um ritual que só os dignos conseguiriam
>nessa hora eu estava suando mais ainda
>eu pergunto se eu posso desistir ainda
>ele me responde
>você ainda pensa que pode escolher alguma coisa ?
>nisso eu abaixo a cabeça e penso
>em todos os ensinamentos da minha mãe
>meu coração aperta
>e os batimentos aumentam
>quando o senhor finca um faca que tirou de sua cintura
>na mesa a minha frente
>me falando que para começar o ritual
>meu sangue teria que ser derramado no papel
>faço um pequeno corte em minha mão
>por onde escorrem três gotas de sangue
>nisso sinto minha visão ficar embaçada
>meu corpo começa a amolecer e apago
>acordo e estou do lado de fora de onde existia a gruta
>agora está fechada por pedras
>isso me deixou muito confuso
>por segundos esqueço tudo que aconteceu
>está amanhecendo agora
>o frio da noite e o calor do sol estão deixando o clima agradável
>decido ir embora daquele lugar
>arrumo os apetrechos do acampamento
>e vou ruma a minha casa
>no meio do caminho
>vejo que está tudo diferente
>as árvores parecem estar menores
>encontro algumas pessoas no caminho
>vestindo roubas estranhas
>que parecem que saíram da década de 40
>e todas me olhando com um olhar assustado
>estava me sentindo um alienígena ali
>a eu sempre fui o estranho mesmo
>coloco a mão no bolso e continuo caminhando
>sinto que tem um papel no meu bolso
>me dá um calafrio
>ao lembrar do que seria aquele papel
>quando tiro ele do bolso
>eram instruções do que eu precisaria fazer
>para ter as riquezas e a minha alma
————
Parte 3
————
>na carta do meu bolso estavam escritas as seguintes instruções
>encontre Varela Brabo, e ajude-o no que for preciso
>e me passou o endereço
>confesso que me deu um medo disso
>mas tudo estava tão normal que segui meu caminho até chegar onde seria a minha casa
>eu moro na velha casa dos meus avós, que antes de ser deles eram dos pais do meu avó
>ou seja a muitas gerações essa casa é da minha família
>chegando em frente
>me deparo com um jovem com mais o menos a minha idade
>entrando na casa que seria minha
>mas assim como as árvores ela parecia mais nova
>as madeiras que compunham a frente estavam ainda intactas
>não como eu lembrava, toda apodrecida devido ao tempo úmido da região
>nesse mesmo instante eu olho para o lado
>onde tinha um mercado com sua fachada
>desejando Boas Festas e feliz 1949
>eu me arrepio inteiro e as coisas começam a se encaixar
>o porque das pessoas estarem me olhando estranho e tudo parecer mais novo
>e a ausência de carros modernos
>eis que o dono do mercado sai para fora
>e eu lhe pergunto
>”Senhor com licença, o senhor poderia me informar em que ano estamos? Eu bati a cabeça forte e estou meio desorientado”
>o senhor confirmou oque eu havia pensado
>realmente eu estava na década de 40
>não sei como estou aqui
>mas minhas instruções eram claras
>era o que eu precisava fazer para ter as riquezas e minha alma
>me dirigi até o endereço escrito no papel
>um caminho nem longo
>muitas pessoas me olhando com olhares estranhos no caminho
>cheguei ao local
>uma casa grande
>mais parecendo uma mansão
>muito bonita
>com varias árvores
>na entrada atrás de uma grande porta de madeira
>bem parecida com aquela que tinha na gruta
>só que esta estavam bem nova
>em sua frente tinha dois negros
>bem altos com roupas sujas e rasgadas
>algo neles não me era estranho
>perguntei pra eles onde ficava aquele endereço
>um deles me olhou de cima a baixo
>enquanto o outro falou
>porque você quer saber?
>que assuntos tem nesse local?
>a voz dele não me era estranha
>falo que tinha uma carta com esse endereço
>ele pediu para ver
>o que estava me olhando pega a carta da minha mão
>arregala os olhos sem falar nada
>balança a cabeça para dentro
>dando a entender que era pra eu entrar
>o que estava conversando comigo segue na frente
>e o outro vem me observando atrás
>chegamos a uma sala onde estava um casal
>sentados em um sofá no escuro
>o negro mostra a ele a carta
>oque faz ele olhar com uma cara de desconfiado
>e perguntar
>como você pretende me ajudar ?
>eu fiquei confuso e perguntei
>quem seria o senhor ?
>eu sou quem você deve ajudar diz ele
>colocando seu rosto ao sol e revelando quem é
>era o senhor que eu teria encontrado dentro da gruta
>já a moça
>tinha traços que lembrava minha família
>olho para o lado e vejo os negros
>eles eram os escravos que eu tinha encontrado na gruta
>a porta era a mesma que havia na gruta
>eu pergunto o nome da moça
>ela fala que seu nome é Áurea Branco
>ela era minha tataravó
>que foi assassinada brutalmente depois que se casou com o Varela Brabo
>dizem que ele mesmo a matou depois que ela quis fugir do país por não querer ficar com ele
>e eu estava presenciando isso
>mas eles pareciam tão apaixonados
>e ele não tinha o mesmo olhar maligno que tinha na gruta
>muito estranho
>não parecia que ele teria feito isso
>ele chama minha atenção
>acho que fiquei muito tempo olhando pro nada pensando nisso
>ei, como é seu nome? ele pergunta
>desculpa senhor, me chamo Jonas repondo eu
>hmn você está aqui para me ajudar então ?
>então eu preciso muito de ajuda para fugir dessa cidade com minha amada
>nós estamos prestes a nos casar
>e ninguém nessa cidade gosta de mim
>todos falam que eu sou uma pessoa muito ruim
>mas a única que realmente me conhece é ela
>a Áurea
>disse ele
>isso me deixou muito confuso
>tudo que eu já tinha ouvido nas histórias era que Varela Brabo sempre foi muito ruim para todos
>e que ninguém sabia como ele tinha morrido
>eu falo pra ele
>eu te ajudo no que for preciso
>ele diz
>mas temos um problema, todos nessa cidade querem me ver preso
>eles fariam qualquer coisa para isso
>até matariam minha amada para me incriminar
>agora tudo faz sentido, tudo que me contaram não passava de uma mentira, eu penso
>falo que ajudo eles
>nisso ele chama os escravos e me levam até um quarto da casa
>eles me entregam um revólver smith wesson 38 preto
>e perguntam se eu sei atirar
>falo que sim
>e também me oferecem uma carabina winchester que parecia nunca ter sido usada
>e falam pra eu me trocar que eu tava parecendo muito um forasteiro
>pego as roupas que eles me entregaram
>eu estava parecendo um hipster com aquelas roupas
>me visto rapidamente
>e me dirijo a uma sala de jantar
>onde ficava a grande mesa de araucária
>a mesma que estava na gruta
>eles já estavam de malas prontas
>somente me esperando
>você demorou em Jonas, vamos que ainda precisamos passar na igreja para o padre nos casar e fugirmos daqui
>pegamos os cavalos e fomos até a igreja
>ela era feita de pedra ferro
>e no centro dela havia uma árvore araucária
>uma igreja realmente muito linda
>eles casaram rápido
>foi o casamento mais rápido que já vi na vida
>nisso seguimos nosso caminho
>eu perguntei para onde eles iriam fugir
>ele me diz que iriam para a Europa
>que o Varela Brabo tinha parentes lá
>e que eles estavam esperando
>seguimos nosso caminho
>os escravos vinham atrás de nós, protegendo o caminho caso alguém estivesse nós seguindo
>como saímos muito tarde da cidade
>paramos para dormir em uma hospedaria
>mais parecia com um velho galpão
>tinha dois andares
>no primeiro ficava os cavalos e as pessoas mais pobres
>bem simples
>fogo de chão
>e comida muito gostosa
>fomos dormir
>eu dormi sentado em uma poltrona no mesmo quarto que Varela Brabo e a Áurea
>com o 38 carregado nas minhas pernas
>no meio da noite
>escuto alguns gritos
>acordo o Varela Brabo e falo para eles se prepararem para sair
>pego a winchester
>vou para a sacada e vejo um dos escravos levando um tiro no peito
>desci correndo para ajudá-los
>quando estou chegando perto
>um homen vem correndo por trás do escravo
>e da um golpe da pá em sua cabeça
>que faz ela abrir
>e deixando seu cérebro a mostra
>eu fico sem conseguir me mexer
>o homen sai correndo para trás até entrar na escuridão
>nisso escuto um grito vindo da hospedaria
>subo correndo as escadas
>vejo que tem um homen com um lenço vermelho no pescoço tapando seu rosto
>segurando Áurea por trás com uma faca em sua garganta
>e gritando com o Varela Brabo
>falando que tudo aquilo é culpa dele
>a ganância dele teria levado ele a loucura
>e não tinha deixado outra opção se não está
>sem pensar duas vezes dou um tiro nele
>o tiro passa raspando na Áurea
>e acerta o homen no olho esquerdo
>peguei a winchester e descemos para pegar os cavalos
>quando estávamos no final da escada um tiro passa em minha frente e acerta o corrimão da escada
>miro a carabina winchester e dou um tiro no ombro dele
>ele tenta se arrastar para longe
>dessa vez eu juro na cabeça
>fazendo voar pedaços de cérebro pelo chão
>nisso Varela Brabo e Áurea já estavam com os cavalos prontos
>demoramos mais dois dias para chegarmos ao litoral
>ninguém mais tentou nos matar
>chegamos tranquilo até as docas
>onde eles embarcaram para a Europa
>antes de ir
>eles me dão um abraço apertado
>e Varela Brabo me fala que minha dívida estava paga e eu poderia voltar
>nisso sinto minhas pernas estremecerem
>minha vista embaçar
>e caio no chão
>acordo e eu estou na frente da gruta
>olho para dentro dela
>e a escuridão não deixa enxergar nada
>pego o isqueiro que havia trazido e adentro a caverna
>quando chego mais perto vejo o que estava na caverna
>tinham 5 baús de madeira revestidos com couro
>e bem sujos, o que parecia que tinha sido deixado ali a muito tempo
>e em cima de um deles uma carta
>que dizia assim
>você foi bem sucedido no ritual, eis a sua recompensa, sua alma e todas as minhas riquezas
>saindo de lá fui correndo contar para os meus amigos o que eu tinha vivido
>ninguém nunca ouviu falar na história do Varela Brabo

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