A foto

/CC/
>séc 2017
>me chamo Breno, 15 anos
>sou um adolescente fodido, como a maioria
>eu vou me mudar de cidade
>ganhei uma bolsa em uma escola técnica em São Paulo
>meus pais acharam bom, pois eu ficaria fora um tempo
>mas isso seria só na semana que vem
>hoje de manhã na escola todo mundo tava falando de um mesmo assunto
>uma foto bizarra que ninguém conseguia ver da mesma forma
>era uma foto antiga pelo jeito
>e sempre que você olhava ela novamente
>tinha alguma coisa diferente e você não conseguia identificar o que exatamente havia mudado
>eu era muito zoado na escola, não me dava bem com as garotas, não tinha amigos, etc.
>eu tinha apenas um grupo de amigos do WhatsApp que haviam me colocado fazia um tempo
>eu sempre me dei bem com o pessoal de lá
>eles também estavam conversando sobre a foto
>cada um dizendo o que viu
>um cara mandou a foto lá
>eu fiquei curioso e baixei a foto
>quando olhei, não vi nada demais, era uma foto antiga de uma fazenda, em preto e branco
>havia um menino segurando um urso branco de pelúcia na foto, seu o rosto estava borrado
>o local da foto me parecia familiar
>eu contei pro pessoal o que vi
>foi basicamente o que todo mundo viu no início
>me falaram pra olhar de novo
>dessa vez a foto estava um pouco mais macabra
>notei que algumas coisas haviam mudado, só não sabia o que
>a única coisa que notei, foi que a mão do menino estava diferente
>ele havia subido um pouco a mão
>minha mãe tava me chamando ajudar ela
>taquei o foda-se na foto e fui lá ajudar minha mãe
>ela falou pra mim organizar o porão enquanto ela fazia janta
>fui lá arrumar na maior má vontade do mundo
>tinha um monte de álbuns de família espalhados pelo chão
>decidi arrumar eles primeiro porque tava me dando agonia
>enquanto arrumava, vi um álbum que na capa tinha uma foto da minha família
>eu tinha uns 6 anos na foto
>comecei a folhear o álbum
>vi uma foto minha com meu primo em SP, que nostalgia
>virei a página
>o que eu vi me fez cair da cadeira
>era a porra da foto bizarra lá, que todo mundo tá falando
>só que o rosto do menino não estava borrado, era ninguém menos do que EU
>eu virei a página e o que eu vi foi exatamente a mesma foto que eu vi pela segunda vez que a olhei quando ne mandaram
>fui virando a página e a foto ia mudando, o braço do menino ia se movimentando como se tivesse me chamando
>até que na última foto, o menino estava sorrindo, lá no fundo havia uma árvore com uma forca, havia sangue no chão o céu estava em efeito negativo
>eu pisquei e a foto não estava mais lá
>tentei procurar novamente, achei só a primeira
>corri até a minha mãe
>perguntei onde foi tirada a foto
>ela arregalou os olhos e desesperada me mandou fechar o álbum e colocar de volta no lugar
>fiquei sem entender nada
>nem fodendo que eu ia obedecer isso
>corri de volta no porão
>abri o álbum na foto novamente
>olhei atrás e havia uma coisa escrita
>"foto tirada em 2007, no sítio Ana Paula"
>sítio Ana Paula é um sítio de festas, fica a uns 20km da minha cidade
>no outro dia eu iria nessa porra pra tirar isso a limpo
>fui dormir
>depois da aula a tarde, voltei pra casa
>fui no galpão de casa, peguei um machado e o revólver
>liguei pra minha amiga Ana, expliquei toda a situação e ela disse que ia comigo
>a Ana é de outra cidade, mas tá de férias aqui
>peguei o quadricículo pra ir até o sítio
>passei na casa da Ana e a gente foi
>já eram 6 horas da tarde, estava escurecendo
>chegando lá, parecia tudo normal
>os donos não estavam
>nós dois entramos no sítio
>eu peguei a foto e fiquei procurando o local onde foi tirada
>não achei em lugar nenhum
>tinha um galpão lá
>Ana e eu entramos no galpão pra tentarmos achar algo
>eu achei um interruptor e acendi a luz
>lá no fundo, vimos uma porta no chão, daquelas de porão
>estava fechada
>a Ana pegou um pé de cabra que encontramos no chão do galpão
>ela forçou a porta e conseguiu abrir
>havia uma escadaria
>ela foi na frente e desceu correndo com o pé de cabra
>eu estava prendendo a porta do galpão para não fechar acidentalmente
>fui em direção à escada
>quando cheguei perto, vi Ana passando pelo quinto degrau
>naquele momento, ela escorregou e caiu de frente
>o pé de cabra caiu na vertical por baixo dela e atravessou sua garganta
>eu travei na hora
>tentei correr pra escada mas trompei na parede
>a escada havia sumido
>eu dei machadadas na tentativa de reabrir a porta mas tudo que consegui foi cavucar o chão
>eu caí pra trás desesperado e chorando
>me senti culpado pela morte dela
>eu fui desesperado em direção à porta do galpão, não aguentava mais aquela situação, eu iria chamar a polícia
>quando saí do galpão, eu vomitei de tanto desespero
>o cenário do local havia mudado completamente
>o céu estava preto
>não escuro, exatamente preto
>a única iluminação que tinha no local era a da luz acesa do galpão
>eu não enxergava absolutamente nada fora do sítio
>eu estava frente a frente com o local onde a foto foi tirada
>entrei em desespero
>saí correndo pra fugir daquele local
>corri em direção ao breu
>tropecei e caí
>quando me levantei, eu estava de novo no mesmo local de antes
>dessa vez tinha algo escrito com sangue no chão
>"tente fugir e eles serão os próximos"
>junto havia uma foto dos meus pais caída
>mais a frente, o corpo de Ana estava crucificado com o pescoço ensanguentado
>eu comecei a chorar e implorar misericórdia, sem nem saber pra quem
>eu pisquei e quando tomei a vista novamente
>a figura do menino da foto estava na minha frente
>era eu, com 6 anos de idade
>estava me olhando e sorrindo, tinha olhos vermelhos
>eu já não entendia mais nada, não pensava que era real
>o menino apontou o dedo para a forca na árvore à uns 30 metros de onde eu estava
>meus olhos perderam a cor
>meu corpo andou involuntariamente até a forca
>a morte seria um alívio
>subi no banco e me enforquei
...
>era de manhã, minha mãe me acordou pois eu estava atrasado pra aula
>eu fiquei sem entender nada, tudo aquilo foi um sonho???
>corri até o porão
>peguei o álbum de antes
>a foto não estava mais lá
>no meu celular também não tinha nada
>fui pra escola
>perguntei se alguém sabia da foto
>ninguém sabia do que eu tava falando
>fiquei aliviado por ter sido tudo somente um pesadelo
>uma semana se passou, minha vida voltou ao normal
>só tem uma coisa que não sai da minha cabeça:
>onde está Ana?

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