GT do Arrependimento
>uma vez me perguntaram qual era meu maior arrependimento
>não me arrependo das coisas que fiz
>me arrependo das que eu não fiz
>já faz alguns anos que perdi minha mãe
>me arrependo de não ter passado mais tempo com ela
>minha mãe me criou sozinha
>disse que meu pai faleceu antes de eu nascer
>não sei se acredito nisso
>sempre fomos sozinhos, não tínhamos muitos amigos
>nem família, éramos apenas eu e ela, e as árvores dela
>minha mãe não era muito normal
>ela conversava com as árvores do jardim de casa
>elas tinham até nomes
>Jasmin, o pé de laranja
>e Sol, a macieira
>ela dizia para eu conversar com as árvores também
>eu não via lógica nisso
>eu nunca julguei ela por conversar com as árvores
>eu não ligava, eu sabia que ela me amava
>no meu aniversário ela sempre cozinhava biscoitos
>e levava na escola para os meus amigos
>como forma de agradecer eles por serem meus amigos.
>me lembro das paredes da minha casa
>eram cobertas pelos meus desenhos horríveis
>eu tive que parar de trazer meus desenhos da escola
>não aguentava mais ver ela colando eles na parede.
>as árvores pareciam ser muito importantes para minha mãe
>todo ano ela me fazia vestir minha melhor roupa
>me levava para o jardim e tirávamos uma foto junto das árvores
>nunca dei muita bola pra isso
>um dia escutei minha mãe conversando com as árvores
>ela estava muito entusiasmada
>aquilo me incomodou, fui pro jardim
>e perguntei se ela não percebia o quanto aquilo não era normal
>ela ficou triste
>eu voltei pro meu quarto, e ela voltou a conversar com as árvores
>ela deve estar enlouquecendo, pensei.
>a idade e suas responsabilidades chegam para todos
>eu já estava com uns 18 anos quando sai de casa
>iria começar a fazer faculdade
>perguntei se ela ficaria bem sozinha
>ela disse que não ficaria sozinha, pois tinha Jasmin e Sol com ela.
>e assim a vida foi passando,
>faculdade, emprego, esposa, crianças
>eu via minha mãe no máximo 2 vezes ao mês
>até que um dia eu recebi uma ligação
>ela havia falecido
>foi um momento muito triste
>no enterro quase não haviam pessoas
>como eu já disse, sempre fomos sozinhos
>ela foi cremada depois da cerimonia
>levei suas cinzas pra casa
>uma semana depois fui pra casa dela resolver os papeis
>na mesa da sala eu encontrei um envelope
>dentro tinha a escritura da casa e dois atestados de morte
>Sol e Jasmin
>eu nunca nem soube que eu tive irmãs
>ela nunca falou nada sobre o assunto
>voltei pra minha casa sentindo meu corpo leve
>plantei uma árvore com as cinzas dela nesse dia
>eu converso com ela todo dia
>te amo mãe
>não me arrependo das coisas que fiz
>me arrependo das que eu não fiz
>já faz alguns anos que perdi minha mãe
>me arrependo de não ter passado mais tempo com ela
>minha mãe me criou sozinha
>disse que meu pai faleceu antes de eu nascer
>não sei se acredito nisso
>sempre fomos sozinhos, não tínhamos muitos amigos
>nem família, éramos apenas eu e ela, e as árvores dela
>minha mãe não era muito normal
>ela conversava com as árvores do jardim de casa
>elas tinham até nomes
>Jasmin, o pé de laranja
>e Sol, a macieira
>ela dizia para eu conversar com as árvores também
>eu não via lógica nisso
>eu nunca julguei ela por conversar com as árvores
>eu não ligava, eu sabia que ela me amava
>no meu aniversário ela sempre cozinhava biscoitos
>e levava na escola para os meus amigos
>como forma de agradecer eles por serem meus amigos.
>me lembro das paredes da minha casa
>eram cobertas pelos meus desenhos horríveis
>eu tive que parar de trazer meus desenhos da escola
>não aguentava mais ver ela colando eles na parede.
>as árvores pareciam ser muito importantes para minha mãe
>todo ano ela me fazia vestir minha melhor roupa
>me levava para o jardim e tirávamos uma foto junto das árvores
>nunca dei muita bola pra isso
>um dia escutei minha mãe conversando com as árvores
>ela estava muito entusiasmada
>aquilo me incomodou, fui pro jardim
>e perguntei se ela não percebia o quanto aquilo não era normal
>ela ficou triste
>eu voltei pro meu quarto, e ela voltou a conversar com as árvores
>ela deve estar enlouquecendo, pensei.
>a idade e suas responsabilidades chegam para todos
>eu já estava com uns 18 anos quando sai de casa
>iria começar a fazer faculdade
>perguntei se ela ficaria bem sozinha
>ela disse que não ficaria sozinha, pois tinha Jasmin e Sol com ela.
>e assim a vida foi passando,
>faculdade, emprego, esposa, crianças
>eu via minha mãe no máximo 2 vezes ao mês
>até que um dia eu recebi uma ligação
>ela havia falecido
>foi um momento muito triste
>no enterro quase não haviam pessoas
>como eu já disse, sempre fomos sozinhos
>ela foi cremada depois da cerimonia
>levei suas cinzas pra casa
>uma semana depois fui pra casa dela resolver os papeis
>na mesa da sala eu encontrei um envelope
>dentro tinha a escritura da casa e dois atestados de morte
>Sol e Jasmin
>eu nunca nem soube que eu tive irmãs
>ela nunca falou nada sobre o assunto
>voltei pra minha casa sentindo meu corpo leve
>plantei uma árvore com as cinzas dela nesse dia
>eu converso com ela todo dia
>te amo mãe
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